Chapecó – Quarta-feira, 15h25 e o centro de Chapecó estava movimentado. Passos longos e rápidos. Para os chapecoenses, parar, para atender o celular ou até mesmo fazer um lanche, parece incogitável. O tempo corre e, os cidadãos colocam suas necessidades e prazos a frente de sua segurança. Pé na faixa! A frase já foi utilizada para inúmeras campanhas de conscientização no trânsito com a finalidade de incentivar a população a realizar a travessia no lugar adequado. Porém, muitas pessoas acreditam que basta seguir esta instrução para evitar acidentes e garantir as suas vidas e direitos, embora nem sempre cumpram os seus deveres.
Três minutos foi o tempo necessário para que 175 pessoas atravessassem a rua Marechal Bormann, esquina com a avenida Getúlio Vargas, enquanto o semáforo estava vermelho para pedestres. Outras sete atravessaram até mesmo com o sinal verde para veículos e por pouco não foram atropeladas. Os motoristas ameaçaram arrancar quando duas mulheres cruzaram a rua correndo, após o susto uma delas ressaltou “Não deveria ter atravessado, mas agora já foi”.
Outra moça, antes de atravessar, minimamente executou o requisito básico de segurança: olhou para o semáforo. Thaysa é estudante de Direito e também é atleta. Logo, para cumprir a sua agenda ela viaja com frequência. “As pessoas são acomodadas aqui em Chapecó. Ninguém espera abrir o sinal para os pedestres para poder atravessar a rua. Nas metrópoles às pessoas não tentam por o pé na rua antes de abrir o semáforo para pedestres, porque lá não existe a probabilidade de acontecer um acidente, existe certeza. São Paulo por exemplo é um município com muitos veículos e muitos pedestres, ninguém, ou pelo menos a maioria, tenta se atirar na faixa pra atravessar”, frisou Thaysa.
Um senhor de boné foi um, entre os sete, que atravessou a rua com o semáforo verde para veículos, e pior que isso, nem para os lados olhou. Carregando a sua bicicleta junto a uma caixa de laranjas, ele seguiu olhando para os pés. Não expressou desespero, tanto que um carro que dobrou na esquina precisou parar. Iniciou a sequência de buzinas, o trânsito ficou trancado. Doze segundos, este foi o tempo que o senhor demorou para chegar até o canteiro.
O Lucas, de 16 anos, sorriu e em seguida colocou a mão na boca, na tentativa de segurar o riso. “Lucas, para que serve o semáforo para pedestres?”, para ele, a pergunta pareceu boba. “Ué, para que as pessoas saibam o momento que devem passar”, assim concluiu. Em seguida questionou, “Por que a pergunta? Eu acho tão óbvio”. No tempo de cinco minutos, de todas as pessoas que passaram, um homem, que estava com algumas sacolas penduradas no braço e conduzia um carrinho de bebê, foi o único que esperou abrir o semáforo para pedestres. “Lucas, e você olhou o semáforo para pedestres? Aguardou a sua vez para passar?”. “Agora entendi a pergunta”, riu outra vez. “Não, não esperei. Pra falar a verdade, nem olhei”, ressaltou.
As entrevistas já estavam concluídas, mas antes mesmo que o mandato do vereador Cleiton Fossá saísse do local, uma caminhonete, que subia a avenida em direção ao banco Bradesco, resolveu cruzar a Marechal Bormann. Porém, a sinalização de que é proibido virar à esquerda está exposta naquela região. Para conseguir dobrar, o motorista foi indo aos poucos até que conseguiu fazer o trânsito parar pra ele passar num local irregular.
“Cultura”, esta palavra tem entre os seus principais significados o cultivo da terra. Porém, quando humanizada, à expressão revela outros sentidos. Logo, pode significar uma manifestação artística ou também apresentar costumes, regras e políticas que desenvolvam, em seu conjunto, um modo de vida.
O Código Brasileiro de Trânsito agrega normas para que seja possível a organização e o convívio social, regras que contribuem para com o modo de vida das pessoas. Logo, às punições são consequências de quem não sabe respeitar o espaço do outro. A Lucia, 36 anos, comercializa produtos na praça, ela revelou que consegue equilibrar seu papel como motorista, bem como o de pedestre. “O carro é mais forte que uma pessoa caminhando, por isso existe a faixa de pedestre e todas as sinalizações, para facilitar a circulação de veículos e pedestres. Mas precisamos ser sinceros, as pessoas só cumprem essas normas porque são obrigadas e não de fato porque respeitam”, afirmou.
Alessandra Favretto, Assessoria de Comunicação Cleiton Fossá
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