A política não é espetáculo. É compromisso com a realidade!

Vivemos um tempo em que a política se transformou num jogo de torcida: “nós contra eles”. Nesse jogo muitos escolhem seu “time” (da esquerda ou da direita) não por um projeto de país, mas pela performance nas redes sociais.
Já parou para pensar quem tem influenciado suas opiniões? Você tem refletido, pesquisado, confrontado ideias ou apenas replicado o que viu num vídeo de 30 segundos?
Infelizmente, o debate público tem sido engolido pela polarização, que transforma qualquer divergência em guerra. E quando o medo se disfarça de ideologia, o diálogo vira grito, e a convivência se torna insustentável. Mas política não deveria ser isso. Política, de verdade, não é feita por personagens virtuais nem por salvadores da pátria que prometem tudo em troca de curtidas. Política se faz com diálogo, com equilíbrio, com gente de verdade, que conhece os desafios do povo, que tem coragem de ouvir e compromisso com soluções reais.
Como professor e estudioso das relações sociais e da violência, entendo que boa parte dessa radicalização nasce de três déficits profundos: o cognitivo, o moral e o emocional.
O cognitivo é a recusa em pensar com profundidade. É quando se despreza o estudo, a dúvida e a análise crítica, em troca de respostas fáceis e slogans prontos.
O moral é seletivo: se vale para os outros, tudo bem; se atinge “os meus”, relativiza-se. É o uso da fé como escudo para preconceitos e agressões.
O emocional é o mais sensível: nasce do medo. Medo do diferente, do novo, do que não se compreende. E onde há medo, cresce o desejo por líderes autoritários que pensem por aqueles que deixaram de pensar por si.
O resultado?
Um ambiente político tóxico, onde se grita muito e se constrói pouco. Onde quem pensa diferente vira inimigo. Onde a verdade é vista como ameaça, não como possibilidade. E nesse ambiente, se prolifera uma massa manipulável, que se orgulha da ignorância sem perceber que está sendo usada.
Mas há esperança. E ela começa por você!
Você que já percebeu que o radicalismo não resolve, que os extremos são como sarjetas: onde a sociedade escorrega… e se machuca. O progresso verdadeiro está no meio da estrada: onde há escuta, onde há respeito, onde há soluções. O que qualifica um cidadão não é só o título de eleitor, mas a participação ativa. É acompanhar o trabalho do seu representante, questionar, sugerir, fiscalizar. Hoje, com um clique, você fala com um vereador, um deputado, um secretário.
Então, por que esperar só a eleição para cobrar?
Vamos fazer uma escolha coletiva pela lucidez!
Vamos parar de seguir “personagens” que vendem promessas em vídeos ensaiados!
Vamos valorizar quem está presente na vida real, quem constrói, quem soma, quem tem história e compromisso com sua cidade e com o seu povo!
O Brasil precisa de menos ídolos e mais líderes.
De menos ideologia e mais metodologia.
De menos seguidores e mais cidadãos conscientes.
Você é influenciado, ou influencia?
Você só segue, ou pensa?
Está na hora de formar sua própria opinião.
Com respeito. Com coragem. Com responsabilidade.
Porque quando a razão se cala, o autoritarismo grita.
E o preço da omissão pode ser alto demais para todos nós.
Por Cleiton Fossá – advogado, professor universitário, ex-vereador, suplente de deputado estadual e atual secretário de Relações Institucionais e Captação de Recursos de Chapecó.