Chapecó – O serviço de abastecimento de água potável e saneamento básico é fundamental à sociedade. Porém, nos últimos anos, uma série de preocupações têm surgido, principalmente devido à distribuição desigual de recursos hídricos, o desperdício pelo mau uso e gerenciamento da água, o aumento da poluição e da contaminação pela indústria, e o crescimento populacional. Ainda, devem ser levadas em consideração a falta de políticas públicas e, algumas vezes, à má gestão administrativa em que ocorre em praticamento todo o Brasil.
Em Chapecó, o serviço de abastecimento de água e esgoto é prestado pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan). Criada em 1970, a Casan é uma empresa de economia mista, ou seja, é majoritariamente do Estado de SC, mas com investimentos particulares. Atua através de convênios de concessão firmados com as prefeituras. A Companhia presta serviço em 194 municípios, sendo 193 em Santa Catarina e Barracão, no Paraná, estando presente em 65% dos municípios do Estado e atendendo regularmente quase 3 milhões de habitantes.
Tarifa mínima
O contrato de concessão com a Casan foi renovado em julho de 2015, por mais 20 anos. Na ocasião, o vereador Cleiton Fossá apresentou emenda ao projeto de lei 089/15, apresentando proposta que acabava com a tarifa mínima de água, ou seja, o cidadão pagaria apenas pelo que gastou, e estabelecendo que a cobrança da tarifa de esgoto, que hoje é igual à da água, não poderia exceder a 20% do consumo de água. “Votei contra a renovação da concessão, pois os vereadores da base governista rejeitaram minha emenda, que garantia maior justiça nos valores cobrados”, diz.
Em números
O índice de atendimento de água em Chapecó é de 94,3%. O número de ligações existentes é de 38.202, sendo 35.126 residenciais, 2.530 comerciais, 265 industriais e 281 vinculadas ao poder público. A extensão da rede é de 637.920 metros. A água é armazenada em três reservatórios centrais, com capacidade total de 11.800 metros cúbicos. Outros 14 reservatórios menores estão espalhados pelos bairros. A captação ocorre no Lajeado São José, de onde são bombeados até 400 litros por segundo, ou no Lajeado Tigre, em Guatambu, 200 litros por segundo.
Desperdício
Mesmo com todos estes números, a falta de água em Chapecó é histórica, principalmente no bairro Efapi, nos loteamentos e em locais mais altos. Além de ser consequência da estiagem, que baixou diversas vezes o nível dos dois Lajeados, a estimativa é que 50% da água tratada é perdida na distribuição, pois a rede é antiga e possui muitos furos, o que é inaceitável, na avaliação do vereador Cleiton Fossá. “É impossível uma cidade como Chapecó, com a quantidade de indústrias e residências que possui, ter um desperdício desta proporção”, afirma ele.
Sem planejamento
O crescimento sem organização de Chapecó nos últimos anos contribuiu com o problema de abastecimento de água no município. Diversos loteamentos e condomínios surgiram sem projeção de crescimento da região onde está localizado, sobrecarregando o sistema da Casan. Equipamentos para dar mais vazão passaram a ser instalados, porém o problema ainda está longe de ter solução. Reclamações sobre falta de água podem ser feitas na Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (ARIS), entidade fiscalizadora da Casan, ou nos canais de atendimento da Companhia.
Ampliação da ETA
Em 29 de março de 2014 foi inaugurada a ampliação e melhoria nas condições e na capacidade do tratamento de água da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Chapecó. Com investimento de R$ 5,5 milhões, foi construído um novo módulo de tratamento e ampliado espaço do reservatório. A ETA teve aumentada em mais 200 litros por segundo a capacidade de tratamento de água, passando de 360 para até 560 litros por segundo. Na ocasião, também foram reformados os módulos de tratamento já existentes e feitas melhorias nos equipamentos.
Passo a passo
A água que abastece Chapecó é captada principalmente na barragem do Lageado São José e conduzida, através de bombeamento, até a ETA, localizada no bairro São Cristóvão. Lá, é feita a clarificação, onde ocorre o processo de eliminação de objetos indesejados, por meio de produtos químicos. Depois, a água é filtrada para remoção de impurezas remanescentes da etapa anterior. Após isso, é realizado o tratamento final, com desinfecção química através da adição de cloro, correção da acidez e adição de flúor para prevenção contra a cárie dentária.
No interior
A maioria das comunidades do interior de Chapecó dependem de poços artesianos ou de caminhão pipa, em serviço prestado pela Secretaria de Desenvolvimento Rutal e Meio Ambiente. As localidades de Sede Figueira, São Roque, Baronesa da Limeira, São Pedro B, Sede Trentin, Marcon, Monte Belo, Pinhalzinho, Tafona e Serrinha são as que mais sofrem com a falta de água. “O poder público de Chapecó precisa criar uma política pública a fim de atender as comunidades do interior, que sofrem com o desabastecimento de Chapecó”, diz Cleiton Fossá.
Rede de Esgoto
O Sistema de Esgotamento Sanitário de Chapecó entrou em operação em 2006, com a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) localizada no bairro Santo Antônio. Em 2015, foram construídas três estações elevatórias e a rede foi ampliada para o bairro São Cristóvão. Atualmente, uma terceira etapa está em construção no bairro Efapi, aumentando a cobertura com coleta e tratamento de esgoto no município dos atuais 42% para 48%. A obra prevê o assentamento de rede coletora em uma extensão de 43,2 mil metros em tubulação.
Projeto Chapecozinho
A Casan espera ainda em 2018 dar a ordem de serviço de execução da obra do Sistema Integrado Chapecozinho. Duas etapas do projeto, lançado em 2012, já foram realizadas, sendo que a terceira está em andamento. Está prevista a construção de uma Estação de Tratamento de Água às margens do Rio Chapecozinho, em Bom Jesus, com capacidade de produção de 1.252 litros por segundo, estações de recalque e a implantação da macroadutora de 57 quilômetros de extensão. O objetivo é trazer água desde a captação até Chapecó, passando por Xanxerê, Xaxim e Cordilheira Alta. Serão construídos também reservatórios nas cidades de Xaxim, com 3,5 milhões de litros, e Xanxerê, com 6 milhões de litros. O valor total orçado é de R$ 205 milhões, sendo R$ 129 milhões nas obras civis e R$ 76 milhões em equipamentos, beneficiando cerca de 500 mil pessoas nos quatro municípios.
Cobrança
Desde que assumiu o mandato junto à Câmara de Chapecó, em 2013, o vereador Cleiton Fossá tem recebido reclamações sobre, especialmente, a falta de água e, desde então, tem cobrado e fiscalizado os serviços prestados. “Acredito que houve avanço nos últimos tempos, mas ainda são insuficientes, ainda mais em relação ao valor que o cidadão paga pela tarifa”, diz. Para Fossá é necessário que seja realizado um estudo técnicos para viabilizar a troca da tubulação, evitando assim o desperdício e proporcionando que mais água chegue às torneiras dos chapecoenses.
Bruno Pace Dori, Assessoria de Comunicação Cleiton Fossá