Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, escolas no mundo todo suspenderam as aulas presenciais e passaram a buscar alternativas de manter o processo de ensino-aprendizagem.
Segundo dados da Unesco, até o mês de março, 165 países haviam fechado suas escolas, interrompendo as aulas presenciais de 1,5 bilhão de estudantes e cerca de 63 milhões de professores da educação básica.
Aqui no Brasil, a experiência de ensino à distância ou EaD, era vista, somente na educação superior. De acordo com o Censo da Educação Superior, feito pelo Inep, em 2018, pela primeira vez na história, o número de vagas ofertadas em cursos universitários à distância foi superior ao número de vagas nos cursos presenciais, são cerca de 7,1 milhões contra 6,3 milhões.
Contudo, segundo os mesmos dados, ainda é bastante alta a quantidade de estudantes que não conseguem se formar. Dos 2 milhões de alunos que se matricularam em universidade presenciais, em 2018, apenas 990 mil se formaram.
O Número é mais assustador no ensino à distância, de 1,3 milhão de estudantes matriculados, apenas 274 mil se formaram.
Essa realidade serve como palco para discussão e reflexão sobre a qualidade e efetividade do ensino ofertado. Expandido para grande parcela da população, o ensino à distância, atualmente está no dia a dia da educação básica, no ensino médio, nos cursos preparatórios, e na universidade.
Durante a quarentena os aplicativos e plataformas on-line se destacaram como mecanismos possíveis para dar minimamente continuidade nas atividades escolares. Embora as perspectivas apontem para um resultado promissor, na prática pode ser muito diferente.
Inserir educação à distância, estratégia adotada pelos governos municipais, estaduais e Federal, na vida da população, escancara a desigualdade e as inúmeras dificuldades enfrentadas por milhares de estudantes, professores e os demais profissionais da educação.
Com falta de recursos, acesso limitado à internet, falta de equipamentos como computadores, celulares, e de um espaço apropriado para o momento de aula, estudantes e professores sofrem diariamente.
Ao mesmo tempo que o modo facilita o alcance dos conteúdos, leva o ensino a lugares remotos, ele revela a necessidade de qualificação e valorização dos profissionais da educação e a baixa escolaridade dos familiares que poderiam contribuir durante esse momento.
A qualidade do ensino ainda é bastante questionável, a exemplo dos muitos alunos que não conseguem ler nem escrever, e já na sala de aula sentem dificuldades para aprender e participar das atividades. À distância, a situação é mais complexa ainda.
O ensino à distância, não é a mesma realidade de convívio escolar proporcionado ao estudante. Essa condição de insubstituível importância, é central no processo de ensino. Sem falar sobre a alimentação escolar, que em muitos casos é tida como principal refeição de milhares de estudantes que vivem em situação precária.
A situação é complexa, pois não foi estruturada com antecedência, discutida por diferentes frentes, e sim, apenas realizada. Outra grande dificuldade no Brasil, é saber lidar com o avanço de tecnologias e ações, sendo que ainda há um atraso por parte de governantes em compreender a necessidade de uma educação justa, séria e de qualidade.
Diante das deficiências educacionais brasileiras, o ensino à distância não pode ser encarado somente como vilão. Nesta modalidade, existe a possibilidade de evitar deslocamento físico para uma instituição de ensino, a flexibilização do tempo e o alcance dos conteúdos e materiais.
Vivenciamos hoje um período de transição, de mudança, de repensar os modelos de ensino para adequarmos as escolas a uma realidade diferenciada, moderna, mais ativa e colaborativa. O ensino de qualidade, gratuito e inclusivo deve ser discutido, pautado e na prática estruturado da melhor maneira possível.
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Assessoria de Comunicação Vereador Cleiton Fossá